Escarro
Sim, resolvi lutar
Lutar, contra o racismo que nos dilacera
que nos rompe sonhos
Com seu poder e crueldade
Pelas ingratidões de todas as mãos brancas
Que mesmo após séculos de luta e trabalho
Para a construção de sua riqueza,
Para a riqueza da chamada nação brasileira
Nos marginalizaram
Luto de punhos e mãos espalmadas
Pela morte de meu filho
Do seu irmão
De minha mãe
Pelo silêncio que nos atordoa
luto
Na escravidão aos brancos
em forma de amor
Luto
Por seu escarro
No rosto de meu companheiro
Pelo escarro em meu rosto
de todos os dias
Luto
E pela bala cravada, no peito de meu irmão
Luto
Luto e não me calo,
Pois aprendemos, que silenciar
é a nossa própria morte em vida.
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